sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A falacia dos discursos...

Resolvi fazer essa postagem após tece-la como comentario no blog do Dr. Julio Cesar Marcellino - www.juliomarcellino.blogspot.com -na qual recomendo o acompanhamento. Então, se não entender faço remissão aquele blog.

A falacia dos discursos

Há muito tempo atrás li Hegel e, com fulcro naquilo que me inquietou e me inquieta – as várias criticas, hoje “trazidas fora do contexto”, e teses apresentadas sobre os diversos ramos que abarca os vários espaços da vida como um todo – deu azo para o retorno da discussão entre a filosofia ocidental moderna e da nova filosofia da libertação. Nesse caminho entra Dussel aludindo o europeu branco encobrindo todas as expectativas do “outro”. Nesta perspectiva, viu-se a obrigatoriedade de (re) discutir o domínio, cultura e classes. Conseqüentemente, estes “insights” teóricos são permeados pela filosofia da libertação, buscando racionalizar os conflitos e aqueles interesses da dominação. Todavia, há de se dizer que essas perspectivas são limitadas.Logo, a filosofia moderna da libertação visa salvar as idéias e a cultura dominada pela ideologia dominante, hoje, neoliberalismo, talvez.E o que tem de interessante nisso? A forma, o meio , a sutileza do discurso. Pois, se a filosofia da libertação moderna apregoa o descobrir do “outro”, utiliza-se da mesma retórica para encobrir o “outro” dominante.Então, quando se prega contra o idealismo, idealizam-se as criticas. A guisa de exemplo poder-se-ia dizer que os Direitos Humanos vem assumindo lugar de destaque no Direito Internacional, permitindo criar “insights” idealistas. Ou seja, tenta-se apagar fogo com fogo.Assim, nada mais sutil do que se valer de um caso concreto para aplicar a teoria. Vê-se o conflito de gaza, por exemplo. Não há, na atualidade, fato mais propicio para a aplicação do fenômeno do discurso ideológico. A final é neste momento que se compreende a importância e necessidades materiais. Nesse caso, o que se fez? Ora, reduziram o objeto – historia dos envolvidos – para nutrir a dialética proposta. Assim, dificultando a crítica à oposição, pois temos o apelo midíatico frente aquelas imagens mostradas. Só um insensível para se opor!Todavia, não há como não fazer a assertiva que tudo não passa de uma estratégia de nova dominação onde o grande vilão será “um outro qualquer”. Isto porque, quando Dussel explica toda a ética e estratégia utilizada para o encobrir o “outro”, e determina as regiões tenta universalizar sua tese. Conseqüentemente, a grande indagação será se a tese apresentada serve de caráter universal? Se a resposta for sim, temos que implantá-la em todos os lugares do mundo – não é esse o objetivo dos Direito Humanos? – só que, assim o fazendo, culturas serão encobertas, uma classe particular será dilacerada! Se dissermos que não, então a idéia é obviamente tendenciosa à parcialidade e o que esta por de trás disso? O que se esta querendo dizer é que não pode, pela mente humana, elaborar uma teoria universal sem podar a cultura do “outro”. Caso contrario, olvida-se a utopia de justiça, igualdade e liberdade. A ideologia libertadora pode se tornar opressora, como se infere do lecionar de Bobbio (Era dos Direitos).A nova roupagem da filosofia da libertação, como queria apregoar Dussel, se mostra bela, mas não tem o condão de libertar, pois não se emancipa, não se liberta. Simplesmente, mostra o lado escuro e lúgubre do Ser!O discurso da verdade universal é sem verdade, construída sobre um fato isolado entre a guerra histórica de um determinado povo, uma determinada cultura, assim, desconstituída de validade.Ademais, envolve-se o nome de Deus com o fito de banir a religião do universo político. Veja, no conflito de gaza a disputa se dar por delimitação do território, o que Deus tem haver com isso? Se o sábio Saramago pretende conhecer Deus através das atrocidades praticadas pelo homem, com certeza encontrará outro deus! Por fim, os “ais” (dores e sofrimentos) da história estão aí para por em dúvida a existência ou não da imanência e transcendência de Deus. Portanto, o deus rancoroso apresentado por Saramago tem cor e cheiro de rancor contra um povo e não da atitude daquele povo, pois só ele e os demais seguidores de um discurso desvinculado do contexto histórico podem ver Deus agindo daquela forma!Vivemos num mundo que queremos explorar o “homem político” que há dentro de cada um, ou seja, articular as diferenças, mas isso não se constrói com discursos fora do contexto pretérito histórico de cada povo. Assim, falacioso é o discurso. Mas sedutor aos nossos olhos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado amigo. Parabéns pelo post. É isso...nossa missão deve ser exatamente esta: fazer a palavra arder de modo a desvelar as 'conexões' ocultas...Forte Abs.